Você pode ajudar a mudar minha história

Sobre esta Campanha

Chega um momento da vida que qualquer outro jardim, mesmo que esteja descuidado e sem flores, parece ser melhor que o nosso. Não que a gente não goste da própria varanda, mas é que, olhando por cima do muro, a gente quer uma nova versão da história... Quem me conhece bem, conhece bem o que vivi até aqui. E não tem sido fácil. E aquela velha história, a gente vive de acordo com o que esperam de nós, fica mais fácil. Ninguém gosta de coisas tristes, de gente que se lamenta, reclama e fala só desgraça. Até porque existem os de verdade, esses que estarão do lado sabe? Existem aqueles que escutam pra poder comparar e criticar e, principalmente, existem aqueles que ouvem por curiosidade, nem ligam. Ou seja, é preciso ter cuidado. Então eu aprendi estratégias pra sobreviver. Descobri, no meio do caminho, que sou Autista. "Como assim?? Vc não parece!!" Gente, autismo não é uma tatuagem no meio da testa informando não. A gente vai escolhendo as coisas de acordo. Eu não gosto de toque, então procuro cumprimentar de longe. Não sustento olhares, então disfarço olhando entre os olhos, mas vc não percebe. Multidão? Evito ao máximo! "Mas vc vai a shows!" Sim, eu sento lá encima no lugar mais vazio. Tenho crises de ansiedade, mas fecho os olhos e finjo uma dor, um mal estar, vida segue. A gente aprende. 

Sempre fui a amiga solidária. E vou continuar sendo. Eu apoio, eu rezo, eu faço vc rir, eu aconselho. Estarei ali pro que der e vier. Isso faz bem pra minha alma. Gosto de fazer bolos, não sei confeitar, mas vou dando jeito de adoçar a vida. E desenho, eu amo criar, amo deixar fofo! Customizo roupas e deixo prontas pra uma segunda versão! A gente morre e as coisas ficam, então que fiquem bonitas!

Pra quem se lembra, eu cuidava do meu pai. Foram seis anos. Eu deixei o trabalho, a minha vida, óbvio que eu arranjava um tempinho, mas fiquei ali. Dediquei sim. Fui acusada por certos familiares de "oportunista", ou seja, de "criar uma estratégia de vítima" cuidando "mal" dele pra ter onde morar... Por favor não é? Eu convivi com bebedeiras desde qdo me entendo por gente! Após o AVC, ladeira abaixo. E haja coragem! Poucas pessoas sabem o que isso significa. E esses "familiares" não apareciam, não estavam nos nossos dias. É tão fácil criticar assim não é? É como assistir um filme esperando o final. Na prática, misericórdia, quem está dentro só se "lasca". 

Precisei então, deixar minha casa após o falecimento do meu pai.  O familiar resolveu aparecer e cobrar aluguel. Condomínio caro, porém estava sendo pago. Após um ano de nossa saída, nenhuma parcela foi paga. Alguém acharia justo que eu continuasse pagando? Óbvio que não! Moro hj de favor. Escuto coisas, passo angústias, enfim, não está nem um pouquinho bom. Favores deveriam ser oferecidos com o coração, se não tiver esse órgão, nem se proponha! Pq machucar quem já tem dores é cruel. 

Pois bem meu povo, estou precisando de ajuda. Vamos nos mudar. Essa cidade já deu tudo que podia dar. E não dá mais. Dói, machuca, humilha. Não queremos é não precisamos disso. Só queremos viver! Ter história BOA pra contar. Sonhar como qualquer outra pessoa! Levantar e ter ânimo pra encarar o dia! Porque tudo é milagre e eu quero testemunhar sobre as cores... Nos ajudem a nos encantar! A vida é depressinha... E obrigada a quem chegou até aqui!