Reconstruir Minha Vida

Sobre esta Campanha

Meu nome é Marilene, tenho 58 anos, e vim aqui para pedir socorro. Não vim pedir uma prótese e nem ajuda para um projeto, infelizmente.

Eu vim aqui pedir uma ajuda coletiva para reconstruir minha vida do zero. Fui atingida pelas enchentes em Porto Alegre, onde eu morava. Meu kitinete, que era alugado, foi inundado e eu perdi TUDO o que eu tinha e que levei uma vida inteira para construir. Tirando as coisas materiais, que espero reconquistar com a ajuda coletiva, foi-se embora o meu passado com fotos, escritos, meus desenhos (gosto de desenhar), cartas, pequenos mimos que eu trouxe de viagens que fiz e outras que amigos me trouxeram das suas viagens, registros de momentos importantes da minha vida, lembranças de meus irmãos que já partiram... Enfim, objetos de valor inestimável, de valor sentimental que são  irrecuperáveis e que ficarão guardados, enquanto o cérebro permitir, apenas nas minhas lembranças.

Infelizmente, já há alguns anos estou em tratamento psiquiatrico e tenho sobrevivido com o auxílio por incapacidade laboral do INSS. A enchente me tirou tudo, me deixou mais doente e o auxílio do INSS é incerto (pois a qualquer momento pode ser negado, como aconteceu) e é um valor miúdo. 

Como eu vou reconstruir minha vida com circunstâncias tão ásperas?! O auxílio do governo é ínfimo, dá para muito pouco, quase nada. Tenho gastos altos com remédios.

Eu quero voltar a ter meu cantinho. Aquele lugar para onde eu possa voltar quando estiver cansada das lutas e quando eu precisar apenas da solidão para me fazer companhia, onde eu possa chorar minhas dores sem que alguém que não pode entendê-las me perturbe e me deixe ainda mais ferida. A dor de não ter um canto só da gente para voltar é insuportável.

Com a ajuda da corrente solidária da Campanha do bem pretendo alugar um cantinho para morar, mobiliá-lo com simplicidade e um mínimo de conforto e ter uma reserva financeira para custear, até que eu possa gerar renda por mim mesma, aluguel e remédios principalmente, e comprar materiais para fazer artesanato e vender. 

Bem, esta é a minha campanha. Em prol de mim mesma. Quase não tenho fotos e nem tenho vídeo da destruição da enchente destruiu tudo o que eu tinha simplesmente porque a dor era tão grande que nem pensei em fotos ou vídeos. Fiz algumas fotos para mandar para a imobiliária, mas estava tão devastada que a maioria das fotos saíram borradas ou desfocadas. Eu enfrentei o momento de jogar todas as minhas coisas fora praticamente sozinha. Contei apenas com a preciosa solidariedade do zelador do prédio. Quando entreguei as chaves do apartamento, desabei...

Poderia dizer tantas coisas, mas seria sufocá-los com uma dor que é só minha...

Espero ver brotar a solidariedade a mim nesta vaquinha do bem. Eu sei que não sou a única a necessitar e que tem gente que perdeu muito mais que eu. Mas dor não se compara e a gente precisa correr atrás por nós também. 

Desde já deixo aqui minha gratidão a quem puder me ajudar. Tanta gente faz doações para governos e entidades que às vezes nem chega a quem precisa... Então porque não doar para pessoas em particular?

Gratidão, gratidão e gratidão. E que eu consiga a ajuda que necessito.