Sobre esta Campanha
Oi, gente. Meu nome é Paula. No dia 12 de outubro de 2023 eu tentei pela primeira vez tirar minha vida.
Eu sou uma estudante de filosofia tentando terminar o doutorado dela na área. Eu adoeci em 2011 com depressão e ansiedade, que depois soube serem depressão crônica e transtorno de ansiedade generalizada. Em dezembro de 2018 fui diagnosticada com transtorno de personalidade borderline. Diferente das outras duas, você não adquire isso, você sempre foi assim. Isso explica as dificuldades que tive ao longo da vida. Ao longo do tempo eu usei muito das minhas bolsas de estudo da pós graduação para pagar meu plano de saúde, sessões de terapia (4x no mês), psiquiatra (1x ao mês pelo menos), academia (recomendado pelos profissionais pra que eu me movimentasse), meus remédios (que não foram poucos e muito diversos). Com muita luta terminei o mestrado. Numa segunda tentativa consegui passar no doutorado da UFPB/UFRN/UFPE em terceiro lugar, estando em primeiro na UFPB, onde eu fiz minhas aulas. Eu sempre me esforcei pra ver a terapia como meu trabalho diário pra me ajudar.
Em 2017 as coisas começaram a ficar ruins. Em dezembro, perto do natal, meu noivo com quem eu estava me relacionando há 11 anos terminou o relacionamento comigo. Eu tive um período muito difícil por isso porque ele acompanhou todo o processo da depressão, desde que surgiu. Eu não sabia como ter uma crise sem ele do meu lado e isso me fez muito mal. Estávamos juntos desde os meus 16 anos. Em 2018 por conta dessa baixa autoestima gerada pela rejeição, acabei me envolvendo num relacionamento que não fez bem pra mim, e que foi, preciso usar a palavra, abusivo. Eu não conseguia estudar nessa época porque tinha ataques de ansiedade fortes sempre que pensava no meu doutorado. Em 2019, ano no qual deveria concluir o doutorado, estava com outro parceiro que me ajudou e consegui completar meu primeiro capítulo. Enviei pro meu orientador mas ele nunca me deu resposta ao meu e-mail com correções ou algo assim. Em janeiro de 2020 esse relacionamento terminou por não estar me fazendo bem.
Eu estava sem a bolsa de doutorado há uns meses e minha mãe voltou a me bancar. Em março, como sabemos, veio a Covid. Minha mãe é autônoma e confeiteira. Perdemos muita clientela pouco a pouco, até não restar nada. Não pudemos mais pagar terapia, psiquiatra, e o único antidepressivo que funcionou comigo quando estive à beira do precipício pensando em acabar com tudo: o Efexor, que custa em média R$350,00 a caixa com 30 comprimidos, não podíamos mais comprar. Eu comecei a tomar ele quando tive minha primeira ideação suicida em dezembro de 2019. Venho lidando com isso desde então.
Durante os anos que seguiram, se 2020 até aqui, eu não tive mais condições de sair de casa para espairecer, fazer exercícios, conhecer pessoas, me envolver romanticamente (se você não tem grana pra sair de casa, como ter um encontro com alguém?). Enfim, eu deixei de ter um vida. Eu saio pra ir ao médico com minha tia idosa quando ela precisa ou pra acompanhar minha outra tia quando ela vai ao médico. Ao longo desses anos alguns membros da família me ajudaram esporadicamente no sentido de comprar remédios e pagar consultas e por isso serei eternamente grata. Mas como sabem, doenças crônicas exigem que o tratamento perdure não só um mês ou dois, mas por muito tempo. Esse é o motivo de eu estar criando essa Vakinha. Para que mês a mês eu consiga o básico para me cuidar. Para continuar viva. Porque eu continuo pensando em repetir o que houve há 9 dias atrás. Porque eu não consigo forças pra levantar da cama na maioria dos dias e ir atrás de um emprego. Porque muitas vezes é difícil tomar um banho, falar com alguém ou comer. De poucos meses pra cá também desenvolvi bulimia porque não aguentava ver meu corpo ficar cada vez maior por causa da compulsão alimentar que tenho.
Eu e minha mãe (moramos só eu e ela) estamos passando por muitas dificuldades e a falta de tratamento pra mim é apenas uma delas. Eu não tenho uma rede de apoio e não tenho o básico para ter esperança em imaginar um futuro pra mim. Eu também não quero ser um peso pra minha mãe, já idosa, que não deveria estar cuidando de mim, mas eu dela.
Estou anexando nas imagens dessa Vakinha o laudo do meu psiquiatra descrevendo alguns de meus sintomas (não foram todos porque eu usei apenas para abrir um processo acadêmico e somente os sintomas cognitivos seriam relevantes, não os de transtorno alimentar e outros). Pretendo também adquirir um laudo que afirme que preciso tomar especificamente o medicamento Efexor, já que outros não surtiram efeito em mim.
Eu estou batalhando pra conseguir várias coisas, não estou “parada”. Conseguir uma aposentadoria pelo INSS. Terminar meu doutorado mesmo com todas as dificuldades. Vender minhas coisas pra arrecadar dinheiro. E não vou mentir, já pensei em prostituição por ser um dinheiro rápido de se adquirir. Eu tô tentando. Por favor, me ajudem a tentar. Me ajudem a ficar viva.
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