Sobre esta Campanha
Resumo:
O atual estudo aborda como o racismo é perpetuado no jornalismo brasileiro através da escolha de construção das vozes verbais presentes na matéria, especialmente, em manchete e olho das e nas notícias. Esse uso revela que o racismo estrutural apresenta-se constantemente nos meios de comunicação para formar a opinião pública através do uso dos recursos linguísticos que determinam as razões para escolha da voz ativa e voz passiva que explicita o posicionamento do editorial. Dessa forma, faz-se necessário e urgente combater essa situação naturalizada socialmente e, especificamente, nas matérias em questão, pois deve-se compreender que a construção sintática implica em diferenças semânticas.
Justificativa:
O estudo é justificado pela necessidade urgente de combater o racismo estrutural perpetuado nos meios oficiais de comunicação brasileiro. A análise da construção das vozes verbais em manchetes jornalísticas revela um padrão de discriminação implicitamente, já que pessoas negras são frequentemente retratadas como responsáveis pela violência que sofrem, enquanto os agressores não, haja vista, a escolha da voz passiva para esses. Esse fenômeno não é apenas um reflexo de preconceitos individuais, mas uma manifestação de uma ideologia racista enraizada nas práticas discursivas do jornalismo brasileiro. Nota-se isso, pois se o foco fosse nos fatos e acontecimentos, a neutralidade estaria garantida, mas o que há é o apagamento de informações fundamentais para se evitar essa discriminação. Portanto, a desconstrução dessas narrativas é essencial para promover uma representação mais justa e equitativa na mídia evitando vieses políticos e ideológicos. A urgência se intensifica com a constatação de que tais práticas jornalísticas não são meramente acidentais, mas refletem e reforçam preconceitos sociais, contribuindo para a formação de uma opinião pública que naturaliza e legitima o racismo.
Objetivo:
O projeto tem como principal objetivo revelar à sociedade a forma como a escolha intencional das palavras nas manchetes (olho da notícia), em especial, a construção das vozes verbais nos textos jornalísticos de maior veiculação no Brasil, contribui com um discurso racista, implícito e naturalizado, perpetuando o racismo estrutural.
Hipótese:
Em vários casos pesquisados, ligados ao racismo no jornalismo, a população negra raramente é retratada de uma maneira positiva, muito pelo contrário, a maioria das reportagens, já a partir do enunciado ou do título da matéria, transmite a impressão de que os negros são os violentos, pois as vozes verbais utilizadas propositalmente para discriminar o negro é recorrente, ou seja, na voz passiva o branco é apresentado como agente da ação, enquanto que a vítima negra é posta como sujeito, desfocando o agressor destes casos, mas marginalizando e apresentando voz ativa quando os negros são agentes de ações violentas e consideradas graves. Assim, o uso das vozes verbais nas situações analisadas devem ser representados de uma forma diferente.
De acordo com Paulo Henrique Caetano (2007, 68 p.): “Através da análise da coesão lexical em textos da mídia impressa, foi abordado o campo discursivo das relações raciais brasileiras como representadas em corpus de jornal impresso. Foi destacada a opção de conceito de discurso como adotada em Análise Crítica do Discurso (1992), em que esse é definido como práticas e relações sociais, como construção social da realidade e como forma de conhecimento. Isso possibilitou que se verificassem, nas escolhas no domínio da coesão lexical do discurso mediado, a natureza ideológica da construção de significados.”
Consequentemente, através das análises feitas anteriormente, é perceptível que os acusados sempre estão posicionados como agentes praticantes, e os acusadores são posicionados como agentes da passiva. Visto isso, foi observado que a população negra é posicionada de forma com que aparentam ser os acusadores, transparecendo o preconceito cometido. Logo, a representação dos negros na voz ativa é apresentada em um duplo racismo, pois o discurso é carregado de um racismo em que o negro é acusado e o branco não.
De acordo com Giralda Seyferth (2002), para uma sociedade harmônica e livre de preconceitos, é necessário o combate ao racismo nos discursos. Já que as atitudes racistas e preconceituosas passaram a ser cada vez mais naturalizadas no dia a dia da população brasileira, em diferentes classes e condições sociais, sem notar o quanto o racismo tem se tornado uma prática culturalmente integrada na comunicação dos brasileiros, e sem reparar os danos provocados na população negra.
A linguista Jana Viscardi apresenta também essa visão de que o discurso jornalístico é mais um meio para perpetuar o racismo, já que através da linguagem que nós nos comunicamos e, o jornalismo tem essa função: comunicar. Para essa autora, esse apagamento do agente da ação em diversos títulos de manchetes dá ênfase para suavizar a violência praticada contra as pessoas negras, por meio das manchetes no jornalismo que formulam estereótipos e preconceitos através das suas redações.
Conclusão:
Como apontado anteriormente, a imprensa jornalística, quando produzem suas redações perpetuam uma ideologia racista influenciando seus leitores a posicionarem-se contra a população negra, haja vista o uso da voz ativa reforçando a ação negativa e relacionando a pessoa negra (não branca).
Segundo a PNAD/IBGE (2016), a população negra tem baixa representatividade na mídia e sua imagem aparece sempre relacionada a estereótipos que reforçam o preconceito e o racismo social.
A população negra está sempre invisibilidade dentro dos veículos de mídia em nossa sociedade, demonstrando um ponto de vista em que eles estão acusando quem cometeu racismo e/ou realizando uma ação constrangedora por conta própria, ocasionando na impressão de que os negros são vistos como errados, e os brancos, certos.
Vale ressaltar, que nem sempre as redações são propositalmente racistas, mas é sintomático e constante o discurso que reitera o racismo implícito no discurso jornalístico.
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